segunda-feira, 15 de março de 2010

Dia do Consumidor

Consumo Consciente, por Têmis Limberger*

Dia 15 de março é o Dia Internacional do Consumidor, porque John Kennedy, presidente dos EUA, em 1962, enviou mensagem ao Congresso sobre a proteção dos consumidores. No Brasil, o direito do consumidor é previsto na Constituição e disciplinado no Código de Defesa do Consumidor. O consumo faz parte da vida de todos, porém não podemos cair no consumismo.

Hoje, vende-se a ideia equivocada de que a felicidade se compra em shopping center, numa cultura de bens e valores descartáveis, em que o consumo nem sempre é motivado por necessidades reais, mas pelo prazer efêmero, perspectiva de aceitação pelo grupo social, ou mesmo pela busca não definida da felicidade, identificada por meio dos produtos consumidos: roupa de marca conhecida, modelo de carro, tênis etc. Nessa ausência de valores, as crianças e jovens são alvos fáceis da sociedade de consumo. A criança influencia 80% das decisões das compras da família, pesquisa da TNS InterScience. Entre as principais causas desse cenário, está a permanente exposição da garotada a ações e campanhas que estimulam o consumo de forma inconsequente. O impacto é potencializado pelo tempo que as crianças e adolescentes passam na frente da TV: são, em média, duas horas por dia, IBGE/2009. A Organização Mundial da Saúde recomenda que esse tempo não ultrapasse uma hora diariamente. Entre as consequências do consumismo exagerado, estão obesidade infantil, erotização precoce, violência urbana, decorrente da busca por produtos caros e a diminuição de brincadeiras criativas, que são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. O mercado enxergou nos nossos pequenos uma rentável fonte de lucros e se aproveitou da vulnerabilidade infantil. A criança de quatro anos não consegue diferenciar um comercial de um programa. Por isso, é importante a regulamentação no Brasil da propaganda dirigida às crianças, tal qual ocorre em outros países. Regrar não significa censurar. Assim, indispensável a adoção de medidas preventivas, começando pela conscientização dos cuidadores infanto-juvenis. No centro do problema, estão os valores repassados às futuras gerações. A sociedade de consumo exalta o ter, porém é necessário resgatar valores do ser para fortalecer a dignidade da pessoa humana. É importante lutar pelos direitos do consumidor, mas dizer não ao consumismo.

*Promotora de Justiça

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